23 de julho de 2014

A volta de Proust: Madeleines de Laranja com Cointreau Banhadas com Chocolate Meio-Amargo


Já mostrei todo o meu amor pelas pequenas madeleines de Proust, nesse post aqui. Pois bem, não contente, lá fui eu assar mais uma fornada. O problema das madeleines é que elas são pequenas (petit four), logo, acabam rápido. E se acabam rápido... Eu fico puta da vida de não ter comido super orgulhosa de ter tido uma ótima saída. Recentemente comprei uma garrafa de Cointreau para fazer crêpes bebericar. Marquei um final de semana e no dia, bateu uma preguiça da-que-las. O jeito foi achar uma outra forma de usar aquele licor antes que alguém matasse a minha garrafa. Solução: madeleines de laranja.


Existe uma variação em relação as quais raspas usar na receita de madeleines: limão ou laranja. Como já fiz uma receita com raspas de limão, achei interessante colocar raspas de laranja desta vez. E se eu ia colocar raspas de laranja, nada mais justo do que colocar um pouco de Cointreau. Que nada mais é do que... Licor de laranja! Uma bela combinação, não?



Mas, não me dei por satisfeita. Só laranja e Cointreau ficaria muito parecida com a de limão. Básica. Queria dar uma incrementada na madeleine, mas sem perder a essência da mesma. Pensei seriamente em adicionar alguma sementinha na massa – para dar crocância. Mas as únicas que me vieram à cabeça foram as sementes de papoula, que by the way não circulam mais livremente no nosso país valeu ANVISA. Então, tive que pensar em uma solução. No caso, chocolate meio amargo.


Por quê? Simples! Uma vez fiz um bolo de chocolate cremoso com geleia de laranja que ficou uma delícia. Mesmo. Foi um casamento perfeito de sabores. Então, por que não repetir a experiência?

Deu certo. E muito! Como utilizei um chocolate meio amargo, o sabor da laranja ficou ainda mais sobressalente. E o cheiro? Eu sei que é difícil apenas ler, mas enquanto eu preparava a massa saía um aroma tão forte que foi meio enlouquecedor. Na hora de assar então, nem se fala. A cozinha ficou SUPER perfumada. Quando eu comecei a derreter o chocolate, foi praticamente o xeque-mate. Uma verdadeira mistura orgia de aromas e sabores.



Vem comigo!

Para 20 madeleines:
  • 100g de manteiga sem sal
  • 120g de açúcar
  • 100g de farinha de trigo
  • 2 ovos em temperatura ambiente
  • Raspas de uma laranja (usei a laranja Bahia)
  • 2 colheres de chá de Cointreau
  • 1 colher de café (ou 3 g) de fermento em pó
  • 1 bara de chocolate meio-amargo 

Pré-aqueça o forno à 200º.

Em fogo baixo, derreta a manteiga. Quando ela estiver completamente derretida, reserve.


Em um bowl, adicione os ovos em temperatura ambiente com o açúcar e bata com a ajuda de um fouet. Bata bem para entrar ar na mistura e deixar a massa mais leve e aerada. A mistura deve ficar levemente branca e “espumosa”.


Adicione a farinha peneirada aos poucos. Certifique-se de bater bem com o fouet para não deixar nenhuma pelotinha na massa.
Adicione a manteiga lentamente. Mexa cuidadosamente até incorporá-la completamente à massa.

Em seguida, com a ajuda de um ralador, separe as cascas de uma laranja. Adicione-as junto ao Cointreau e misture. Finalmente, adicione o fermento e misture delicadamente (e pouco para a massa não desandar).



Com a ajuda de um pincel, unte a forma de madeleines com manteiga (aproveite a que está derretida). Adicione massa em ⅔ de cada forminha (JAMAIS ATÉ A BOCA!)Asse OS PRIMEIROS CINCO MINUTOS à 220º, em seguida abaixe o forno para 200º E ASSE POR 10 MINUTOS. Espere esfriar e desenforme.


Quando as madeleines tiverem esfriado completamente, derreta o chocolate em banho-maria. Mergulhe o lado gordinho (o que não tem o desenho da concha) no chocolate e deixe repousando em papel manteiga ou em uma gradinha até o chocolate endurecer completamente.





Dica: madeleines são ótimos acompanhamentos para uma xícara de chá ou de café.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller

21 de julho de 2014

Final de Semana: Nhoque de Batata com Molho Bolonhesa


Quando minha avó por parte de mãe ainda era viva e ativa, tínhamos uma tradição para o almoço do dia 25 (no caso, o almoço de Natal): comer nhoque com catupiry, frango desfiado e molho rosé. Com certeza aquele era o prato que mais agradava a família. Todos comiam, nem que fosse só um pouquinho. E se não fosse esperto rápido, ficava sem! Não era a toa que ela ficava responsável pela colher, assim se certificava de que todos poderiam experimentar se esbaldar. Inclusive, sempre tive a sensação de que a cada Natal ela aumentava aquela forma de nhoque.


O molho era bom, mas a estrela principal era o nhoque. Na realidade, a massa. Nossa, nunca mais comi um nhoque tão bom como o que a minha avó fazia. Claro que tem todo o peso emocional, a memória afetiva, mas com certeza, posso afirmar que a massa era boa pra valer! Dona Julia não admitia colocar comida “mais ou menos” na mesa, era uma coisa meio relacionada à honra, orgulho. Ela dizia que não, mas todos sabiam que ela ficava super satisfeita quando via as travessas se esvaziarem rapidamente. Sabe como é, coisa de avó.



Enfim, depois que ela morreu ninguém mais na família fez aquele prato. Minha mãe até tentou fazer o molho com um nhoque pronto, mas sabe como é ficou ruim. E então, nunca mais ninguém fez nhoque caseiro. E eu amo nhoque! Logo, tive que resolver do meu próprio jeito. No caso: cozinhando.


O problema é que ninguém tinha a receita, então eu tive que pesquisar. E além de pesquisar, tentar lembrar de algo. De algum detalhe. Eu acompanhei uma produção de nhoque algumas vezes (no caso, uma nhocada), e só conseguia lembrar de duas coisas: assar as batatas ao invés de cozinhá-las e tentar usar pouca farinha para deixar a massa mais leve e saborosa. De resto, tive que me virar.


Primeiro que é importante assar as batatas porque assim elas ficam mais secas e quanto menos água na massa, melhor. Na hora de amassar com a farinha, ela libera o vapor – que nada mais é do que água. Quando cozinhamos as batatas na água, elas acabam absorvendo muito líquido. Quanto mais seca a batata estiver, menos farinha você usará.



Mãos à obra!

Para 5 pessoas:
  • 1kg de batata
  • 1 gema de ovo
  • 100g a 200g de farinha + para enrolar
  • Azeite a gosto
  • Sal a gosto
  • Noz moscada a gosto

Para o molho:
  • 700ml de molho de tomate (de preferência o caseiro)
  • 350g de carne moída
  • 2 colheres de sopa de cebola picada
  • 1 dente de alho 

Pré-aqueça o forna à 180º.

Lave as batatas e seque-as. Com a ajuda de um garfo, fure muito bem cada uma delas. Coloque-as em uma forma e regue com um azeite de boa qualidade. Asse por 1h.



Enquanto isso, prepare o molho. Em uma panela, coloque um fia de azeite e refogue a cebola picada com um dente de alho amassado. Quando a cebola estiver suada e o alho levemente dourado, acrescente e a carne moída e enquanto ela cozinha desfaça os bolinhos de carne. Eu não gosto de carne moída muita seca (acho que perde o gosto), então não deixo a água secar muito. Adicione o molho vermelho caseiro e acerte o sal se houver necessidade. Reserve.





Quando as batatas estiverem no ponto, retire-as do forno e espere esfriar um pouco. Com a ajuda de uma faca, descasque cada uma delas.


Com o espremedor de batatas, esprema cada uma delas. Não deixe a batata esfriar completamente, pois, ela fica dura e depois é difícil de trabalhar com o espremedor, ok?

Adicione uma gema de ovo batida e misture. Rale um pouco de noz moscada (não muito para não deixar a massa amarga). Depois, adicione a farinha aos poucos e vá misturando até a massa ficar lisa e homogênea (como você vai trabalhar com as mãos, ela não deve ficar grudenta). A medida de farinha não é exata, pois, depende muito da batata utilizada.




Enfarinha a bancada com um pouco de farinha e abra "cobrinhas" de massa (grossura de uma dedo gordinho rs). Com uma faca, corte porções de aproximadamente 3cm. Quanto mais grosso for o seu nhoque, mais ele vai demorar para cozinhar. Para não grudarem, coloque-os em um prato/forma enfarinhada.
Prepare um bowl com bastante água gelada.


Aqueça uma panela com água. Aqui é bom prestar bastante atenção! A água deve estar a ponto de levantar fervura, mas deve ferver para não desmanchar os nhoques. Se a água ferver abaixe o fogo, se não tiver jeito, desligue um pouco. Coloque pouco a pouco do nhoque na água quente e quando ele subir/boiar, retire-os da água com uma escumadeira e coloque na água gelada. Isso fará com que ele pare de cozinhar. Em seguida, coloque uma forma/pirex com azeite.





Sirva com molho quente e um pouco de parmesão ralado.

Bon Appétit!

Bisous,
Mariana Muller

14 de julho de 2014

Delicious: Cookies de Brownie de Chocolate


Quarta-feira 9 de julho, feriado pós-derrota para a Alemanha, o clima em São Paulo estava diferente: silencioso, no entanto, agradável. Apesar de ser feriado, eu aproveitei para acordar cedo e terminar algumas coisas que estavam pendentes. Até meio dia o tempo estava ensolarado e bem gostoso ciclofaixa style. Quando deu meio-dia, o tempo literalmente virou. O sol foi-se embora e o céu – que antes estava azul – deu espaço para uma cor cinza e uma garoa fina. Aquele ventinho gelado começou a entrar pela fresta da janela e, de repente, o feriado ficou com cara de preguiça. E o que mais combina com preguiça? Se você estiver pensando em comida, você está certíssimo pô, é um blog de comida!. Mas não qualquer comida. Tem que ser comida... GORDA.



Eu sabia que a minha mãe tinha comprado umas barras de chocolate e escondido em algum lugar. Ela vive mudando de esconderijo, mas como eu já conheço todos, nenhum é páreo para moi beijos. Na hora pensei em fazer um brownie, para comer morninho... De preferência sentada no sofá com direito a coberta e toda a parafernália necessária.



Pensei, pensei e mudei de ideia. Sim, continuaria com o brownie, mas não da forma como conhecemos. Decidi fazer cookies de brownie. Se cookies já são terrivelmente bons, com gosto e textura de brownie, eles só ficariam melhores. Correto? Sim, sim e sim.


Já vou logo avisando que se você for um chocólatra assumido, talvez enlouqueça antes mesmo da massa ir ao forno. Digo isso porque o cheiro de chocolate derretido é enlouquecedor. Ele impregna a cozinha de um jeito, que fica difícil resistir. Optei por colocar nozes na massa, mas se você quiser colocar outra castanha de sua preferência, também está valendo! E se não gostar de castanhas, é só não colocar. Honestamente não muda tanto assim.

O cookie fica lindo. Mesmo. A aparência craquelada, típica do brownie dá um charme extra. A cara de biscoito rústico e irregular fica ainda mais evidente, e do meu ponto de vista, apetitosa!


Chocolate em mãos, vem comigo!

Para 12 cookies grandes (se fizer porções menores, rendem 24):
  • 35g de farinha
  • 20g de cacau em pó (de boa qualidade, hein!)
  • 150g de chocolate amargo
  • 30g de manteiga
  • 145g de açúcar
  • 2 ovos em temperatura ambiente
  • 100g de chocolate ao leite picado
  • ½ xícara de chá de nozes picadas
  • ½ colher de chá de fermento em pó
  • ½ colher de chá de café solúvel
  • ¼ colher de chá de essência de baunilha (opcional)
  • Uma pitada de sal
Comece juntando todos os secos em um bowl: farinha, cacau, fermento, sal, e café solúvel. Misture com um fouet e reserve.



Em banho-maria, derreta o chocolate meio amargo com a manteiga. Quando derreter completamente, retire do banho-maria e reserve.




Na tigela da própria batedeira, bata com um fouet rapidamente os ovos com o açúcar e a baunilha. Depois, bata a mistura na batedeira em velocidade média por 8/10 minutos. A mistura deve ficar clara, um pouco mais espessa e levemente cremosa/espumosa.




Retire da batedeira e, cuidadosamente, incorpore com a ajuda de um fouet o chocolate derretido à mistura homogênea.


Aos poucos, adicione a mistura de secos. Sempre mexendo delicadamente e sem trabalhar demais a massa.


Adicione o chocolate e as nozes picadas. Misture.


Pré-aqueça o forno à 190º enquanto a massa descansa 10 minutos.

Forre a forma com um pedaço de papel manteiga e depois unte o mesmo com um pedaço de manteiga. Sem muito preciosismo, ok?


Com a ajuda de uma colher de sobremesa (cheia), disponha montinhos de massa com um espaçamento de 3 cm entre cada um. Fiz 4 fileiras com 3 cookies em cada.

Asse por 12 minutos ou até o cookie começar a craquelar. Retire do forno IMEDIATAMENTE para não perder o ponto do brownie. Ou seja, ficar com casquinha mas cremoso no meio.

Deixe esfriar para descolar do papel manteiga.

Dica: se você optar por cookies menores, asse por 8 minutos e depois fique de olho para não perder o ponto.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller