8 de abril de 2015

Clássico de boteco: Bife Rolê ou Braciola


Que o Brasil é um grande caldeirão cultural, todo mundo sabe. Que São Paulo é uma das poucas cidades brasileiras que consegue representar isso de forma tangível, também. Então, além dessas duas certezas, também podemos afirmar que muito do que comemos é proveniente das diversas influências que recebemos ao longo dos anos, correto? Para o post de hoje, decidi fazer uma singela homenagem à um prato de origem italiana, mas que ocupou um lugar no coração de todos os paulistanos. Figurinha marcada as terças-feiras em todos os restaurantes da cidade, hoje vamos falar da braciola que, no nosso linguajar, virou: Bife Rolê.

A história que gira em torna da Braciola é bastante incerta, ninguém tem muita certeza de qual região italiana ela veio e em que época ela surgiu. Uma das histórias que gira em torno desse prato, diz que ele surgiu durante a Idade Média na região da Puglia. Na época, os senhores feudais tinham direito a ficar com os melhores alimentos, cortes de carnes etc. O que sobrava para os mais pobres, eram as carnes duras, retalhadas e menos aproveitáveis. Como a fome era um problema muito sério, os camponeses desenvolveram diversas formas de reaproveito para que nada fosse jogado fora. Os retalhos descartados eram enrolados com restos de legumes/vegetais e cozidos em panelas de barro ou assados lentamente até ficarem completamente macios.


Ao longo dos anos, algumas técnicas foram se aprimorando e, quando os italianos aportaram no Brasil atrás de um recomeço, além do macarrão e das almôndegas, as braciolas também vieram na mala. Eu tentei descobrir quando o prato se popularizou no país, mas não tive muita sorte durante as pesquisas. O jeito foi apelar para o boca a boca. Conversando com os meus pais e meus tios, questionei quando surgiu o hábito de comer bife rolê, e a maioria disse que o boom foi durante a década de 60/70. Pensando um pouco mais sobre o nome do prato, cheguei a conclusão que braciola não é muito fácil de pronunciar, portanto, simplificaram chamando apenas de "bife". Já o "rolê", acho que foi uma forma de dar pompa afrancesando a palavra enrolado. Se foi assim ou não, eu não sei.Mas honestamente, vejo bastante lógica nessa minha versão.



Diferente do tradicional, aqui em casa gostamos de fazer bife rolê sem molho de tomate. Acho que dá para sentir mais o gosto da carne e dos temperos, sem ficar brigando com o sabor marcante do tomate. Também gostamos de rechear com cenoura e bacon, vez ou outra colocamos uma vagem no meio. Vale dizer que não existe regra para o recheio, ok? Pode colocar o que quiser e der na telha: ovo cozido, vagem, pepino, cenoura, bacon, linguiça etc.



Liberte a mama que existe em você, e vem comigo!

Para 12 bifes:
  • 12 bifes grandes de coxão duro
  • 2 cenouras
  • 200g de bacon
  • 1 cebola
  • 4 dentes de alho
  • 2 colheres de sopa de molho inglês
  • Q/N de palitinhos de madeira (de dente)
  • ⅔ de uma xícara de água
  • Fio de óleo
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto

Peça ao seu açougueiro para cortar de forma uniforme e com um peso parecido, doze filés de coxão duro. Procure deixar a peça bem limpa, sem gordurinhas e sebinhos. Reserve.


Corte as cenouras em julienne, ou seja, em tiras. Faça o mesmo com o bacon e reserve.Corte a cebola ao meio, e também corte grosseiramente em tiras. Pique o alho e também reserve.




No lado mais largo do bife, coloque duas ou três tiras de cenoura e duas de bacon. Enrole cuidadosamente até a outra ponta. Com dois ou três palitinhos de madeira, feche as laterais para que o recheio não escape. Repita a operação com todos os bifes.







Na panela de pressão, coloque um fio de óleo no fundo e posicione seis bifes. Cubra os seis com metade da cebola e do alho picado. Faça um segunda camada com os bifes restantes e finalize com a outra metade da cebola e do alho.


Tempere com pimenta do reino a gosto, sal e as duas colheres de sopa de molho inglês. Nas laterais, acrescente a água (junto com o suco que sai da carne, ela formará um molho). Feche a panela de pressão e em fogo alto espere pegar pressão, quando isso ocorrer abaixe o fogo e deixe cozinhar por 20 minutos (lembre-se que o tempo varia muito de acordo com cada panela). Desligue e espere sair toda a pressão. Abra e cheque se a carne está macia. Caso ela ainda esteja dura, repita o processo, espere pegar pressão novamente e desligue logo em seguida.



Dica: esse é um prato que vai bem com diversos acompanhamentos. Pode ser purê de batata, arroz e feijão, macarrão, legumes etc.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller