29 de junho de 2015

O frio bate à porta: Creme de Cenouras com Batatas


Posso descrever os gostos gastronômicos aqui de casa de várias formas, entre elas está o termo "soup lovers". A chegada do inverno, por mais fraca que seja, é a desculpa perfeita para jantar sopa, caldo ou um creme, todos os dias. Confesso que tenho algumas dificuldades e que, nem sempre, todas as sopas passam no meu critério. Por exemplo, quando tem canja, a mini Mafalda que existe dentro de mim se manifesta vorazmente! Mas, não estou aqui para falar das sopas-desafeto, e sim, das que eu amo. No caso, uma delas é o deli: Creme de Cenouras com Batatas.



Nem sempre gostei de pratos que tinham como base cenouras. O meu problema era a dificuldade em harmonizar o doce da cenoura (que fica mais sobressalente quando a mesma é cozida), com pratos salgados. Claro que essa é um dificuldade que a maioria das crianças têm, afinal, o refinamento do paladar costuma vir com o tempo. Com o passar dos anos, a única forma que comia sopa de cenoura era em forma de um creme bem apimentado que a minha mãe fazia. Acho que a quantidade de especiarias apimentadas mascarava todo o doce da cenoura!


O problema é que dificilmente esse prato agradava todo mundo. Eu e meu irmão que somos fãs de pratos apimentados amávamos, já o meu pai que não tolera, repudiava. Ou melhor, repudia até hoje. A solução, foi achar um meio termo. Ou seja, algo que não deixasse o doce da cenoura extremamente gritante, mas que também não o mascarasse completamente. Peguei para mim mesma a missão de achar uma solução e, vou te contar, fiz inúmeros testes. Veja bem, lotar de creme de leite não estava entre as soluções!

Pensando, cheguei à conclusão de que a melhor forma de dar consistência e ao mesmo tempo amenizar a doçura da cenoura, seria usando um tubérculo. Testei com mandioca e ficou gosmento eca!, com o inhame e ficou sem graça, depois foi a vez da mandioquinha que ficou boa mas não aquela maravilha e por último, a batata. Eu sabia que devia ter testado a batata em primeiro, mas por pura teimosia, queria um resultado mais inusitado. 



A batata cumpre o papel de agente neutralizador super bem! Se você está achando que a sopa vai ficar com gosto de batata, você está enganado. Apesar dela quebrar a doçura da cenoura, ainda assim ela fica com o papel secundário. O creme é leve, fica com uma consistência extremamente aveludada, com um sabor delicioso e com uma cor MARAVILHOSA! Resumindo: é fantástico em todos os aspectos.



Liberte o Pernalonga que existe em você, e vem comigo!

Para 6 pessoas:
  • 1kg de cenoura
  • 3 batatas médias
  • 2 dentes de alho grandes e triturados
  • ½ cebola picada grosseiramente
  • 200g de creme de leite (uma caixinha)
  • Q/n de água
  • 3 colheres de sopa de cebolinha picada
  • 3 colheres de sopa de salsinha picada
  • Sal a gosto
  • Azeite extra-virgem para refogar

Pique a cebola grosseiramente, a salsinha e a cebolinha. Reserve.                                    


Lave e descasque as cenouras e as batatas. Corte as cenouras em rodelas médias e as batatas em cubos médios. 


Refogue a cebola no azeite extra-virgem por cerca de 1 minuto e acrescente o alho - cuidado para não deixar dourar. Acrescente as rodelas de cenoura e os cubos de batata e refogue por cerca de 3 minutos. 



Acrescente a água. É importante que ela cubra os legumes e ultrapasse cerca de dois dedos. Tampe a panela e deixe ferver em fogo médio até que esteja tudo cozido, cerca de 15 minutos. Você saberá que eles estão no ponto quando espetar um garfo, e sentir que os pedaços estão macios.


Desligue a panela, e espere esfriar um pouco. Leve os legumes cozidos e o caldo do cozimento ao liquidificador, e bata até formar um creme espesso, homogêneo e aveludado.


Devolva o creme à panela, ligue o fogo e deixe levantar fervura. Em seguida, desligue e acrescente o creme de leite. Acerte o sal e finalize misturando a salsinha e a cebolinha.
Sirva com um fio de azeite e torradas.



Dica: se você for servir o caldo logo em seguida, na hora de comer não deixe ferver demais para não correr o risco de talhar. Para os que gostam de pimenta, uma ou duas gotinhas de Tabasco dão um sabor especial.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller

22 de junho de 2015

Veggie: Penne com Cebola Caramelizada e Rúcula Crua


Eu já comentei inúmeras vezes que moro com o mais adorável ser herbívoro da face da Terra: mamãe. Minha mãe é uma das vegetarianas mais legais que eu já tive o prazer de conviver! Modéstia a parte porque ela é a minha mãe, já conheci alguns realmente chatos complicados. Não julgo a filosofia/escolha de vida, até porque acredito que cada um deve seguir o que bem entender. Mas, parto do princípio que tudo que é radical ou extremo demais, torna uma pessoa... Chata. Resumindo, Veroquinha não é crica implicante como uns e outros, o que torna ainda mais prazeroso o momento em que procuro cozinhar exclusivamente para ela. Final de semana passado, ela me pediu para assumir as panelas. O pedido calhou com o momento perfeito para agradá-la e, de quebra, colocar em prática uma receitinha daquelas: Penne com Cebola Caramelizada e Rúcula Crua.


As vezes eu acho que é pura implicância chatice minha, mas conversando com algumas pessoas percebo que eu não sou a única que tem achado os alimentos cada vez mais sem graça. Quando eu era pequena, lembro que as frutas, os legumes e as verduras tinham cores vibrantes e muito sabor. Hoje em dia, acho tudo meio aguado e bem mais ou menos #culpadostransgênicos. No dia anterior ao preparo, ao definir que usaria rúcula crua no prato, me programei para acordar bem cedo no dia seguinte para ir à feira. Ali, com certeza, eu iria achar uma rúcula vistosa, verde e saborosa amarguinha do jeito que eu gosto.



Para você que está lendo e acha que acordar cedo é um sacrifício, você está corretíssimo. Agora, se você acha que é um sacrifício acordar cedo para ir à feira, você está estupidamente enganado. Eu amo ir à feira! Acho incrível andar por meio daquele caos milimetricamente desorganizado. Passear por meio das barracas vendo cores, formatos, e sentindo diferentes cheiros, faz das compras um passeio delicioso. Até porque, na maioria das vezes, esse passeio acaba com pastel e caldo de cana há!


Fiz a receita mais por curiosidade do que por vontade. No final das contas, eu queria descobrir se o método de cocção era bom e se o prato ficava tão gostoso assim como diziam. Sabe quando você fica com aquela pulga atrás da orelha? Quando a certeza de que vai ficar ruim supera a de que vai ficar bom? Vamos lá, macarrão cozido no caldo de legumes com cebola não é lá muito convincente. Mas, como eu sou curiosa e teimosa, testei. E quer saber? Di-vi-no. Só a aparência da massa já fica maravilhosa! Por conta da cebola caramelizada, o macarrão adquire uma tonalidade marrom bem apetitosa! Além disso, o gosto da cebola fica adocicado e não forte, deixando a massa bem saborosa. Para melhorar ainda mais, devido a cocção feita no próprio caldo de legumes,  a massa fica molhadinha e suculenta. 



Desencana dessa ideia de que todo prato precisa ter carne, e vem comigo!

Para 4 pessoas:
  • 1 pacote de macarrão do tipo penne (se não tiver, pode ser outra massa curta)
  • 4 cebola grandes
  • 1 maço de rúcula
  • 1 colher de sopa de manteiga
  • 2 xícaras de chá de água
  • 3 xícaras de chá de caldo de legumes
  • Parmesão ralado
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto

Lave a rúcula em água corrente, certificando-se de que não há terra, sujeira ou algum bichinho entre as folhas. Divida em duas ou três partes.

Corte a cebola pela metade e em seguida em fatias/meia lua. Procure cortá-la de forma uniforme, sem deixar as fatias muito finas ou muito grossas, mantendo uma espessura padrão. Reserve.


Esquente a água e o caldo de legumes separados. Quando ambos estiverem quentes, desligue e tampe ou abaixe o fogo completamente. O importante é deixar os líquidos aquecidos.

Em uma panela, derreta a manteiga. Quando ela tiver derretido completamente, comece a refogar a cebola. Abaixe o fogo, tempere com um pouco de pimenta do reino e refogue devagar. A cebola deverá murchar e mudar de tonalidade aos poucos. De branca, ela passará para transparente, de transparente para marrom claro e assim em diante, até adquirir uma cor marrom mais escuro. Preste atenção, ela não deve queimar muito. O objetivo é caramelizar levemente e depois tostar delicadamente a cebola - não queremos gosto de queimado.






Em seguida, adicione a água e o caldo de legumes. Com a ajuda de uma panela de pau, misture a cebola de modo com que o "queimado" no fundo da panela se desprenda e incorpore no caldo. Coloque a massa no caldo, aumente o fogo para médio/alto e deixe o macarrão cozinhar conforme as instruções. Como eu uso massa grano duro, demora cerca de 9-12 minutos para deixar a massa cozida e al dente. A água começará a secar e é normal. Se ela secar rápido demais, adicione mais um pouco de água morna. Só tome cuidado para não colocar água demais e deixar a massa mole.





Quando a massa estiver pronta, desligue o fogo. Pique grosseiramente com as mãos as folhas e misture a quantidade que for do seu agrado (eu misturei metade). Acerte o sal e a pimenta do reino.


Finalize o prato com folhas inteiras por cima e com parmesão ralado.

Dica: se você acha rúcula uma folha muito amarga, reduza a quantidade utilizada.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller

18 de junho de 2015

Ba-ta-ta. Ou melhor, man-di-o-ca: Escondidinho de Linguiça


Esse é um daqueles típicos posts que me causou bastante dor de cabeça. Ou melhor, a horrível sensação de que eu estava pulando uma etapa. Quem, em sã consciência, fala primeiro de escondidinho de linguiça antes do clássico de carne seca? Deixa que eu respondo: euzinha. Quem acompanha o blog, sabe que eu não sigo ordem nenhuma e posto basicamente o que me vem à cabeça. É assim e não tem jeito minha gente! Se você não sabe fazer o de carne, fique tranquilo que um dia eu ensino. Separe as panelas que a receita de hoje é sensacional: Escondidinho de Linguiça.

O escondidinho de linguiça é uma daquelas receitas de comadres, típica de uma simples conversa na porta do elevador. Antigamente, nós só comíamos escondidinho de carne seca, no caso, porque não conhecíamos nenhuma outra versão. Há algum tempo, quando ainda fazia home office, fui ao supermercado com a minha mãe e na volta encontramos com uma vizinha na garagem. Papo vem, papo vai, lembrei que tinha esquecido de comprar a carne seca para o escondidinho do final de semana. Logo cortei o papo e comecei a me ajeitar para voltar ao supermercado. A vizinha se ligou e disse que eu podia “dar um jeitinho”. Desse jeitinho, descobri o escondidinho de linguiça.

De um modo geral, eu sou bem chata quando o assunto é salsicha, linguiça e alguns embutidos. É, eu sou uma dessas criaturas insuportáveis que ficam pensando na procedência, reparam na textura e torcem o nariz quando alguma coisa não sai conforme o esperado. Esqueci a carne seca, mas tive que sair de qualquer forma para achar uma boa linguiça calabresa.

Fiquei com o pé atrás, confesso. Linguiça é uma daquelas coisas que eu só como no espeto (churrasco) ou então em forma de ragú com alguma massa ou polenta. Minha mãe nunca estimulou o consumo de linguiça em casa, então além de não termos o hábito, eu também não me sinto muito confortável preparando um prato em que ela seja a estrela.



Tentei seguir a receita, mas é lógico que eu não consegui. A minha implicância com a linguiça fez com que eu alterasse um ou outro passo. Sorry. Se acharem chatice demais, com certeza vocês saberão quais etapas devem ser ignoradas. Enfim, para a minha surpresa eu realmente gostei do prato. Achei extremamente saboroso e consistente. No final das contas, eu passei quase que a preferir essa versão à de carne seca!



Vem comigo!

Para 5 pessoas:
  • 1kg de mandioca
  • 2 linguiças calabresa grandes
  • 150ml de molho de tomate    
  • 1 cebola média
  • 200g de creme de leite (1 caixinha)  
  • Parmesão ralado para gratinar
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto
  • Água para cozinhar a mandioca
  • Água para cozinhar a linguiça
  • Azeite se houver necessidade
  • Manteiga para untar
Comece pelo mais complicado: a mandioca. Descasque e corte em pedaços de cerca de 4 a 5 cm. Em seguida, coloque-os em uma panela, cubra com água e deixe cozinhar com a tampa por aproximadamente 20/30 minutos, se a mandioca é nova. Para quem não sabe se é nova ou não, o ideal é esperar ferver por 10 minutos e  seguir vigiando. Quando a mandioca cozinha bem, os pedaços incham e até se rompem. O ponto ideal é quando espetar um pedaço com um garfo e sentir que ele está completamente macio. Desligue.

Enquanto a mandioca cozinha, prepare o restante. Delicadamente retire a pele da linguiça calabresa com uma faca. Em seguida, corte de comprido em 4 partes. Fatie pequenos pedaços.
Em uma frigideira ou panela, cubra os pedaços de linguiça com água e leve ao fogo. A água quente soltará a gordura e deixará a linguiça um pouco menos gordurosa. A espuma branca que se formar é a gordura que se desprende da carne. Quando ferver, desligue e jogue fora toda a água.
Refogue a linguiça escaldada. Se houver necessidade e a linguiça grudar na frigideira, acrescente um fio de azeite. Quando a linguiça estiver no ponto (eu gosto dela tostadinha), retire da panela e seque com papel toalha para tirar mais um pouquinho da gordura. Volte a linguiça para a frigideira e misture com o molho de tomate. Reserve.

Corte a cebola em rodelas e refogue com azeite rapidamente. Reserve.
Quando a mandioca estiver bem macia, prepare o purê. É importante você NÃO descartar a água do cozimento, ok? Aos poucos, amasse com um garfo pedaço por pedaço. Descarte as fibras duras que estiverem no meio dos pedaços.
Volte a mandioca amassada para a panela e misture com o creme de leite. Se houver necessidade, acrescente pouco a pouco parte da água do cozimento. Espere dar o ponto do purê de acordo com o seu gosto. Acerte o sal e a pimenta. Não exagere muito porque a linguiça já é salgada, ok?


Unte com um pouquinho de manteiga a assadeira/pirex. Faça uma camada com o purê de mandioca. Cubra com o molho de linguiça. Em seguida, espalhe por cima a cebola refogada. Por última, faça uma segunda camada de purê e finalize com um pouco de parmesão ralado.






Asse em forno pré-aquecido à 180º por 20 minutos ou até começar a borbulhar. Se tiver grill no fogão, utilize-o para dar uma coloração mais bonita. 

Dica: se achar que tem muito purê, não precisa utilizar tudo. Assim o seu escondidinho não ficará muito massudo.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller