29 de julho de 2015

Italia mia: Polenta Cremosa Trufada com Ragú de Cogumelos


Polenta é uma daquelas coisas que sempre fez parte da minha vida. Durante boa parte da minha infância, para jantares rápidos, minha mãe costumava fazer polenta cremosa com um molho bolonhesa por cima. Já na casa da minha avó, onde tudo era permitido mais gostoso, nós aproveitávamos para comer polenta frita. Apesar dos dois preparos diferentes, a base das receitas sempre foi a mesma: fubá. Passei a minha vida inteira achando que essa era a única forma correta de se fazer polenta, até aprender que a receita tradicional italiana pedia farinha de milho como base. Curiosa, esse foi um ótimo pretexto para descobrir se o gosto ficava parecido ou não. Preparem as panelas, que hoje é dia de Polenta Cremosa Trufada com Ragú de Cogumelos.



A polenta é um daqueles pratos consumidos em todas as regiões da Itália. Claro que existem alterações: uns comem com ragú de carne, outros preferem carne de caça, uns gostam dela mais firme ou mais cremosa, e por aí vai. Esse alimento é mais antigo do que podemos imaginar! Era uma das bases alimentares oferecidas aos legionários romanos: barata, fácil de preparar e sustentava para longas batalhas. Depois de ser um prato de soldados, ela ganhou fama de ser o sustento daqueles que não podiam pagar por algo melhor: os camponeses e os mais pobres. Foram necessários séculos até a polenta receber o seu devido reconhecimento. Os mais tradicionais, lentamente incorporaram a polenta à cultura italiana e, com muita insistência, fizeram com que ela ganhasse um lugar especial em meio aos outros pratos clássicos

O que eu aprecio em um bom prato de polenta é que ele cumpre o seu papel com muita maestria. Essa é uma daquelas comidas que não precisam de muitas técnicas e nem de ingredientes muito caros. Ela por si só, com toda a sua simplicidade, consegue agradar os mais diferentes paladares e harmonizar com diversos tipos de alimentos. Pode até parecer exagero, mas uma polenta cremosa bem feita, pode ser imbatível. Pensando bem, talvez a definição de "comfort food", devesse ser apenas "polenta". 


Depois do fantástico ragú de linguiça que eu fiz, fiquei devendo uma versão vegetariana para a minha mãe. Para os desentendidos, além das carnes, a polenta também harmoniza super bem com cogumelos. Não fique receoso em relação ao gosto final! Essa é uma daquelas combinações que provam que comida vegetariana tem muito sabor e graça.

Para finalizar a polenta, é necessário obrigatório colocar uma boa colherada de manteiga. Há uns meses atrás, eu comprei um vidrinho de manteiga trufada e estava esperando o momento certo para usar. Como o gosto da trufa ou de qualquer produto que leve a mesma tem um gosto muito marcante, gosto de usar esse ingrediente de forma pensada. Vi nessa receita e no sabor neutro da polenta, uma ótima chance para abrir o meu vidrinho! Para o meu paladar, a combinação foi fantástica! A manteiga deu um toque super especial à polenta, sem deixar com que ela perdesse o aspecto rústico e a proposta de ser uma comfort food daquelas!



Fouets à mão, e vem comigo!

Para 4 pessoas:

Para o ragú de cogumelos
  • 300g de cogumelos (faça um mix ou utilize o que achar mais gostoso)
  • ½ xícara de vinho branco seco
  • 1 colher de sopa de manteiga
  • ½ cebola picada
  • 1 dente de alho amassado
  • 3 colheres de sopa de creme de leite
  • ½ xícara de salsinha picada
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto
Para a polenta cremosa
  • 1½  xícara de farinha de milho
  • 1L de água
  • 2 folhas de louro
  • 5 colheres de sopa de queijo parmesão ralado
  • 2 colheres de chá de manteiga trufada
  • Sal a gosto
Comece pelo ragú de cogumelos. Não lave os cogumelos porque eles absorvem muita água e ficam molengas, limpe-os com um papel toalha úmido ou uma escovinha. Corte os cabinhos, pique e reserve.



Pique a cebola bem miudinha e amasse o dente de alho. Em uma panela, derreta a manteiga e refogue a cebola picada e o dente de alho amassado por cerca de três minutos. É importante fazer com que a cebola fique transparente e murcha.



Adicione os cogumelos e mexa. O processo é super rápido. Se possível, não deixe o cogumelo mole demais já que a polenta será cremosa. Adicione o vinho branco e deixe ele evaporar.



Quando os cogumelos estiverem cozidos, desligue o fogo. Acrescente o creme de leite e a salsinha picada. Mexa bem. Acerte o sal e a pimenta do reino. Reserve.


Em seguida, passe para a polenta. Esquente a água com duas folhas de louro. É importante você não deixar ela ferver completamente, pois, isso pode atrapalhar na hora de colocar a farinha de milho. Quando começarem a surgir pequenas bolhas no fundo da panela, significa que a temperatura está boa para iniciar o processo.

Com um fouet, despeje a farinha de milho e mexa vigorosamente para não empelotar. Mexa nos dois sentidos, assim você pode sentir caso encontre um grumo ou algo grudado no fundo da panela. Mexa com o fouet até a farinha estar completamente dissolvida na água. Se quiser uma polenta mais grossa, adicione um pouco mais de farinha. Só tome cuidado porque a mistura engrossa com o passar do preparo, ok? Abaixe o fogo, pegue uma colher/espátula e fique mexendo por aproximadamente 15 ou 20 minutos. Fique de olho para a polenta não queimar.



Quando ela estiver cozida, adicione o queijo ralado e mexa.


Desligue o fogo e finalize com a manteiga trufada. Se houver necessidade, acerte o sal.

Para montagem, faça uma cama de polenta cremosa e coloque o ragú de cogumelos no centro. Se puder, finalize com um fio de azeite trufado.

Dicas: a polenta cremosa também fica divina com um bom molho bolonhesa ou com um ragú de linguiça. Ela pode ser tanto um prato principal, bem como uma excelente entrada.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller

27 de julho de 2015

Clássico: Spaghetti Alla Carbonara (Espaguete à Carbonara)


Tudo que é clássico é especial, não tem jeito! Eu bem que gosto da cozinha contemporânea, com as suas espumas, emulsões e misturas nunca testadas antes. No entanto, quando me deparo com receitas que já entraram para o ról das eternas, meu coração dispara e bate um pouquinho mais forte. Já está mais que comprovado que existem pratos que não precisam de muito para estar entre os melhores. Que com a sua simplicidade e sabor imbatível, não precisam se provar ou se modernizar para continuar presente nos menus. Da lista dos eternos clássicos, hoje vamos falar do: Spaghetti Alla Carbonara (Espaguete à Carbonara).



A massa, que é bem tradicional na Itália, não demorou muito para ganhar fama pelo mundo. Como eu sou bem curiosa e vocês já perceberam isso, vou dividir a história que existe por trás desse prato. De todas as que andei lendo (pelo menos umas cinco versões, uma mais legal que a outra), trago para vocês a que achei mais interessante. A lenda conta que os responsáveis pela invenção foram os Carbinai, mineiros provenientes da região da Umbria, que passavam o dia na mina queimando madeira para transformá-la em carvão. Como precisavam de uma comida substanciosa par a aguentar a jornada de trabalho, criaram uma que tinha como base ovos e bacon. Daí, surgiu o "carbonara". Interessante, não? 




Apesar de ser clássico, são poucos os lugares e pessoas que realmente sabem fazer um digno de palmas e repetecos. Alguns hereges gostam de misturar creme de leite para dar cremosidade ao molho (não faça isso, é pecado!). Outros, não conseguem atingir o ponto cremoso deixando o creme de ovos ralo e com o gosto de crú. Honestamente meu povo, foram poucos os carbonaras que provei em São Paulo e realmente gostei. Mas, a minha sorte mudou. Ou melhor, abriu uma Trattoria Fasano na cidade que soube trabalhar o prato com muita competência. Enquanto todos da mesa escolheram algo mais, digamos assim, robusto, eu fui no velho e bom carbonara. Acho que pelo nome da casa me senti confortável com a escolha. Sabem o que? Melhor prato da mesa. Saboroso, cremoso, sem creme de leite. Fantástico! Fiquei inspirada para fazer um em casa.




Certa vez, escolhi o carbonara para servir durante um jantar de amigos. A grande verdade é que ficou uma bela porcaria. Sem drama, ficou ruim pra caramba. Até hoje me pergunto como eu tive coragem de servir. Acontece que eu perdi o medo e, me dei conta - mesmo que tardiamente - que é uma receita bem tranquila. O preparo em si não é difícil, o grande ponto está nos ingredientes utilizados. A cremosidade do molho, acontece por causa do queijo utilizado. No caso, o pecorino romano seco. Com o queijo certo em mãos, o creme de leite utilizado por algumas pessoas, é totalmente dispensável. Caso você não encontre o pecorino, tudo bem substituí-lo por um bom grana padano. Em segundo lugar, a pancetta. Eu não consegui achar um bom pedaço, então acabei utilizando bacon. Como boa apreciadora, o bacon pode entrar como substituto mas, não é igual a pancetta.



Escolha um bom pedaço de queijo pecorino e vem comigo!

Para 2 pessoas:
  • 200g de bacon ou pancetta
  • 2 ovos
  • 3 gemas
  • 1 dente de alho
  • 150g de pecorino romano ralado fino
  • 50g de grana padano
  • 300g de espaguete grano duro
  • Um fio de azeite
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto
  • Q/N de água
Coloque a água com um fio de azeite para ferver o macarrão. Quando a água ferver, salgue com um pouco de sal e coloque a massa. Fique de olho para não deixá-la mole, ok? Queremos uma massa al dente. Faça isso em paralelo com o restante da receita.


Enquanto isso, pique o bacon ou a pancetta em cubos. Não precisa ser muito grande, ok? Se for usar bacon, tente achar um pedaço que tenha bastante carne. Reserve.


Em um bowl, junte os ovos inteiros, as gemas, o pecorino e o parmesão - ambos ralados bem fininho. Bata com um fouet até formar um creme bem amarelo e espesso/cremoso. Tempere com um pouco de pimenta do reino. Reserve.



Em uma frigideira, frite o bacon ou a pancetta com o dente de alho batido grosseiramente. Eu coloquei uma gota de azeite para ajudar, mas não exagere porque a carne soltará bastante gordura. Cuidado para não queimar os cubos. Se soltar muita gordura, aconselho tirar só um pouco para não deixar a massa muito pesada.


Quando a massa estiver no ponto, coloque o espaguete escorrido na frigeira com o bacon/pancetta e derrame o creme de ovos sobre ela. Adicione uma concha da água do cozimento, ligue o fogo e cozinhe por cerca de 1 minuto. O calor da massa e da água do cozimento, fará com que o creme de ovos cozinhe perfeitamente. Preste atenção no tempo: caso você deixe muito tempo no fogo, o creme corre o risco de coagular demais, perdendo toda a cremosidade típica do prato.


Dica: como a massa tem um sabor muito intenso (bacon/pancetta e ovos), recomendo um vinho branco bem fresco para acompanhar a refeição.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller

20 de julho de 2015

Remédio para um dia ruim: Cookies de Chocolate Branco com Nozes Pecans


Aposto que todo mundo já passou por um ou muitos dias em que tudo pareceu conspirar contra. Em que até a coisa mais simples e óbvia, deu errado de um jeito absurdo. É, isso mesmo, estou falando daquele dia de cão em que a coisa que você mais deseja é que ele acabe logo. Sou o tipo de pessoa que já se deixou influenciar muito por esse tipo de situação. Eu não conseguia lidar, ficava mal e, por incrível que pareça, fazia um dia ruim ficar pior ainda. Acontece que com o tempo aprendi, ou melhor, tenho aprendido a lidar melhor quando essas coisas acontecem. Além do trabalho interno, descobri o remédio perfeito para dar um up quando a coisa fica feia horrenda: Cookies de Chocolate Branco com Nozes Pecan.


É óbvio, mas eu não me canso de repetir: comida me deixa feliz. Quando eu estou meio para baixo, achando a vida uma coisa extremamente miserável, procuro por uma comida reconfortante. Sem essa de abrir o armário ou a geladeira e comer enlouquecidamente, isso não tem graça só na TPM. Não. Estou falando de ir para o fogão, esquecer do mundo lá fora e cozinhar algo especial para aquele momento. Algo que possa me embalar e fazer com que eu me sinta melhor.

Uma vez, em plena segunda-feira (é, bem clichê), parecia que o resto da minha semana seria foda um inferno. Tudo e mais um pouco dando errado. Cheguei em casa pensando seriamente em dar um call sick no dia seguinte e não aparecer no trabalho o resto da semana. Enquanto jantava, minha mãe começou a falar sobre o dia dela. Ela contou que havia ido à Zona Cerealista e, para me agradar, mostrou um saco de nozes pecans que havia comprado caso eu quisesse fazer alguma receita com elas. Diante daquela situação, aquilo era tudo o que eu precisava: cozinhar. Saí fuçando e catando tudo que eu encontrava pelos armários. Inicialmente pensei em brownies mas, depois, por algum motivo, lembrei dos cookies. Cookies de chocolate branco só para variar um pouco.



A receita deu tão certo que eu passei a reproduzi-la para receber amigos, agradar o namorado e mimar um pouco a família. No entanto, para mim, os cookies acabaram ficando marcados como algo reconfortante para dias de cão. Acho que, no final das contas, substitui a panela de brigadeiro da adolescência por uma fornada de cookies na fase adulta. Vai entender!


Para a receita, pique o chocolate branco bem grosseiramente para sentir bem o gosto enquanto estiver comendo. Os pedaços grandes e irregulares farão com que eles não se percam na massa. Se você não tiver nozes pecans, pode usar a castanha que tiver em casa desde que ela não seja salgada. Pode usar castanha do Brasil (do Pará), nozes comuns, castanha de caju, pistache cru, amêndoas. Você que manda! Mas, se serve de conselho, macadâmias ficam fantásticas quando misturadas com chocolate branco. Se quiser deixar a massa mais clarinha, substitua o açúcar mascavo pelo tipo claro. Dessa forma, o cookie não ficará com um aspecto tão amarronzado. Deu água na boca? Fica tranquilo que essa receita é mamão com açúcar!



Vem comigo!

Para 18 cookies:
  • 2 xícaras de chá de farinha
  • ¼ colher de chá de sal
  • 1 colher de chá de fermento
  • ½ colher de chá de bicarbonato de sódio
  • 100g de manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • ½ xícara de chá de açúcar
  • ½ xícara de chá de açúcar mascavo
  • 1 ovo
  • 1 gema
  • 1 colher de chá de essência de baunilha
  • ½ colher de chá de café instantâneo em pó
  •  xícara de chá de nozes pecans
  • 170g de chocolate branco (uma barra)

Pré-aqueça o forno a 175º.

Pique as nozes e o chocolate, ambos grosseiramente. Reserve.

Em um bowl, misture a farinha, o sal, o fermento e o bicarbonato de sódio. Reserve.


Em um outro bowl, com a ajuda de um fouet, bata vigorosamente a manteiga em temperatura ambiente até ela ficar leve e cremosa.


Adicione o açúcar branco e o mascavo. Misture novamente para incorporá-los bem à manteiga.



Com o creme de manteiga bem homogêneo, bata os ovo e a gema.


Em seguida, adicione o café em pó e a essência de baunilha. Misture novamente.


Divida os ingredientes secos em três partes (sem preciosismo, ok). Misture com o creme uma parte por vez.

Por último, incorpore as nozes picadas e o chocolate picado.


Forre uma assadeira com papel manteiga e faça fileiras de três. Utilizei como medida uma colher para sorvete. Casa não tenha, utilize a colher de sobremesa como medida (não muito cheia).


Asse por 15 minutos ou até o seu cookie adquirir uma tonalidade marrom-dourado com o centro ainda molinho.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller

16 de julho de 2015

Levíssimo: Suflê de Limão Siciliano e Galego


Se o suflê fosse uma pessoa, acredite: ele teria uma fama terrível. Desde pequena, muito antes de começar a cozinhar me apoderar da cozinha de casa, eu já ouvia das minhas avós que suflê era uma das coisas mais difíceis de se preparar. Quando minha mãe queria se gabar dizer que também entendia do balacobaco, ela simplesmente saía dizendo que a receita do suflê de queijo dela nunca havia dado errado. Adivinhem? Cresci achando que essa era uma das coisas mais complicadas do mundo para se fazer. Tudo mudou até eu fazer um por conta própria. Sabe do que eu estou falando? De um maravilhoso Suflê de Limão Siciliano e Galego.



Não sei quem foi a criatura infeliz que resolveu espalhar esse boato. Ele está tão grudado na cabeça das pessoas, que algumas desistem na hora H. Dá para acreditar? Não contente, parece que todos acabam influenciando para que esse mito seja ainda mais real. Quando a gente entra nos sites de receitas e olha os comentários dos leitores, a tragédia fica ainda mais evidente. O meu veredito: balela, meus caros. A verdade, é que esse é um prato que demanda precisão e atenção, mas nem por isso pode ser considerado tão difícil assim.

Como o próprio nome já diz, "soufflé" significa "soprado". A partir do nome, já fica claro que é um prato leve, delicado e com a massa fofinha. Se você está pensando que ele fica inflado daquele jeito por causa de fermento, você está muito enganado. Inclusive, não diga isso em voz alta que é sacrilégio. A base do suflê é feita de claras, e são elas as responsáveis pelo sucesso ou fracasso da sua receita. Ou melhor, o ar incorporado à elas. Já ouvi alguns cozinheiros dizerem que a técnica está em bater as claras com um fouet, pois só assim, sabe-se qual é o ponto ideal. Claro que eu não sou tão aplicada assim, e acredito que você também não seja. Portanto, fique tranquilo que a sua batedeira dá conta do trabalho com muito primor. Brincadeiras a parte, de fato é importante prestar atenção nas claras. Elas devem atingir o ponto em pico, serem capazes de formar uma pontinha estável no batedor, mas sem adquirir muita rigidez. Caso elas fiquem duras e firmes demais, será difícil de incorporá-las à massa e aí, o seu suflê não irá crescer como deve.


Outro fator importante é a temperatura do forno. Quando a massa for colocada para assar, ele já deverá estar bem aquecido para não atrapalhar o crescimento. Lembre-se que existe ar contido nas bolhas minúsculas da clara em neve e, com muito calor, ele se expande e faz crescer o volume. Portanto, quando fechar a porta do forno, não abra de forma alguma até dar o tempo necessário do cozimento.

Para essa minha estreia - sim, foi o meu primeiro suflê - escolhi uma receita do Larousse Gastronomique. Como era nova no assunto, escolhi o Google da gastronomia para me guiar. Segui a receita à risca, tim-tim por tim-tim. Para a minha felicidade, deu certo. E muito! A textura ficou fofa e aerada, e o sabor do limão sutil e delicado. Ficou realmente incrível. Isso tudo sem contar o aroma, que invadiu a casa inteira. Foi uma experiência realmente interessante. Se você é o tipo de pessoa que não se deixa levar por medos bobos, você deve tentar essa receita o quanto antes.



Batedeira à postos, e vem comigo!

Para 8 ramequins:

  • 6 claras
  • 5 gemas
  • 40g de farinha
  • 100g de açúcar de confeiteiro (dividido em 60g e 40g)
  • 100g de manteiga sem sal em ponto de pomada (mole e em temperatura ambiente)
  • Suco de dois limões sicilianos
  • Raspas de dois limões sicilianos e um limão galego
  • 300ml de leite integral
  • Uma pitada de sal
Comece preparando os ramequins. Unte com manteiga e polvilhe com açúcar de confeiteiro. Reserve.

Com um ralador, raspes os limões para obter as raspas. Cuidado para não ralar a parte branca.
Separe as gemas das claras. Tome cuidado para não deixar cair nenhum resquício de gema nas claras separadas. As claras em neve não se formam se houver gordura na mistura, ok?


Leve o leite para aquecer.


Em uma panela, peneire a farinha para descartar os possíveis grumos. Adicione a manteiga e os 60g de açúcar de confeiteiro. Misture com um fouet para formar uma pasta bem homogênea. Em seguida, adicione o leite quente aos poucos, sempre batendo a massa vigorosamente com o fouet.





Pré-aqueça o forno à 200º.

Leve a massa ao fogo médio para secá-la como se fosse uma pâte choux (utilizada na preparação de bombas/éclairs). Com a ajuda de uma colher, mexa constantemente para não grudar. Não espere que ela fique firme e seca como a pâte choux, pois, ela ficará oleosa e bem mais mole. O processo gira em torno de 5 a 7 minutos. Com ela já "seca" e fora do fogo, adicione o suco dos limões, as 5 gemas e as raspas. Mexa bem, incorporando todos os ingredientes e deixando a massa bem homogênea.



Passe para as claras em neve. Coloque as claras na batedeira com uma pitada de sal, e bata em velocidade baixa por 4 minutos. Em seguida, adicione cuidadosamente os 40g de açúcar. Vá aumentando a velocidade aos poucos até atingir o ponto ideal. Lembre-se que as claras devem estar firmes e devem formar um pico no batedor de arame sem pender para os lados. No entanto, não muito rígidas. Fique de olho!





Quando as claras estiverem no ponto, desligue a batedeira e incorpore ⅟3 da massa à elas. Puxando de baixo para cima e misturando de forma delicada, incorpore a mistura às claras. Em seguida, misture o restante da massa. Não misture muito para não perder o ar e nem desfazer demais as claras em neve.




Preencha os ramequins (eu preenchi ⅔, mas acredito que você possa preencher um pouquinho mais), coloque-os em uma forma com água e leve para assar em banho-maria por 40 minutos. Assim como fazemos com um bolo, passado o tempo recomendado, espete um palito na lateral para saber se ele está bom. O palito deve sair sequinho e sem massa.


Dica: não perca tempo e coma imediatamente!

Bon Appétit!

Bisous,
Mariana Muller